Translate

Da poetisa que não sou 👽


Tantos rótulos, tantas pessoas.
Parte da vida para identificar onde nos encaixamos.
Até perceber que não há caixas o suficiente pra caber quem realmente somos.

Sou a chata.
A obcecada por irrelevâncias.
A que fala alto pq tá empolgada demais pra controlar o tom.
A que se engaja e flui criativamente facilmente.
A que interroga, sufoca e quer te decupar.

O rosto fala mais que a boca.
A boca fala menos que os pensamentos.
Sou ideias. Filha dos detalhes, irmã da sinceridade e neta da curiosidade.
Minha família é minha cruz.

Agressividade.
Leveza quase nunca.
Sou do peso.
Dos temas complexos, dos amores longos e das notas extensas.
Solidão, mas também sou grupo.
Gratidão, resmungo, dengo e risos intermináveis sem razão aparente.

Felina.
Não quero abraços ou toques sem sentido.
Quero o meu espaço livre, mas posso querer o seu com o meu nome.
Mais do espírito do que transpareço e mais da carne do que gostaria.
ELE sempre pode te ajudar.

Não sou simples, já quis ser, mas desisti.
De literatura fácil o mundo tá cheio.
Sou um clássico infame, cheio de dramas, piadas suspeitas e lições vindas da dor.
Oscar Wilde, Shakespeare, Aldous Huxley.
Escolha a melhor capa e comece a encaixotar.

Jéssica Reis

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fala aê!