Começo esse texto deixando claro que não sou nenhuma CEO
cheia de experiências para compartilhar ou alguma RH de uma empresa interessada
em inovação e desenvolvimento de pessoal, na verdade sou mais uma desempregada
em meio a um mar de muitos outros como eu que engrossam a fila de recém-formados
que ao sair da academia se depararam com a primeira crise da sua geração. Fomos esperados por uma recessão que jamais
vimos antes, no entanto, além da quantidade de oportunidades quase inexistentes
há certos percalços que não são novidades para quase nenhum de nós e é com a
voz que esse lugar me reserva que resolvi vir até aqui deixar a visão do que é
estar do outro lado.
Desde o começo dessa fatídica instabilidade econômica que o
tema dos grandes seminários e a pauta dos grandes portais são temas como: “10
formas de vender a crise e ainda ter lucros” e afirmações como “enquanto vocês
choram, eu vendo lenços” . Sempre na intenção de fazer o mercado se acalmar e
trazer aos empresários mais ímpeto diante da situação que muitos deles ainda
não haviam encarado nem uma vez, sim, muitos da minha geração já dominam certos
segmentos e como os jornais gostam de especular com um tom até muito irônico,
não está sendo menos complicado do que foi para qualquer um que enfrenta primeiros
desafios.
Sinceramente toda essa coragem é maravilhosa, não há dúvida
que na escassez se há novas condições para se fazer coisas grandiosas, eu não
estava lá, mas temos milhares de exemplos que perduram até hoje nascidos das
grandes guerras ou em um desses apertos mundiais que nos trouxeram até onde
estamos.
No entanto é de consenso geral que em tempos de dificuldade
o quadro de colaboradores ficam mais enxutos, o que acaba retraindo as ofertas
de empregos, isso fica bem claro e não é
isso que está sendo trazido até aqui e sim uma questão muito mais
simples e muito mais antiga para o mercado que é a experiência do contratado.
No ano de 2013 nunca se falou tanto em treinamento e
manutenção do conhecimento do staff,
disseminando a ideia maravilhosa de que é também da responsabilidade da
empresa fazer com que os seus funcionários olhem um pouco para fora dos seus
cubículos e os tornassem cada vez menos reféns das suas rotinas e afazeres. Na
área de comunicação, com a rotina corrida, cada vez se encontra profissionais
cansados, desiludidos com os seus trabalhos e sonhando todos os dias em se
tornar algum tipo de hippie no Capão. Não sei se há um grupo de profissionais
tão desiludidos como a dos publicitários, tanto que sou capaz de contar nos
dedos aqueles que 2 anos depois de vivência em uma agencia de publicidade não
se sentem explorados de alguma forma, enojados com as práticas de mercado que
teimam em não se flexibilizarem diante das demandas sociais ou simplesmente não
aguentar ter que conviver com todas as exigências e os poucos retornos que esse
mercado dá. A grande verdade é que muitas das agencias estão profundamente
acostumadas a sugar tudo que o profissional tem a dar sem ao menos se preocupar
como está o progresso dele, e na verdade é esse progresso que traz novidades
para dentro das agencias e são capazes de produzir essas mudanças que se não
vierem espontaneamente, virão pela pressão pública.
Mas logo você que nem se quer entrou no mercado de trabalho,
já estou reclamando? Você pode acabar se perguntando. Na verdade aqui entra
dois pontos que fazem tudo que trouxe até agora valer a pena, e são questões
que não torna nada dito até agora mais leve.