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A anatomia emocional de um "Oi sumido" capricorniano

Todo mundo sabe o quanto capricornianos podem ser frios, isolados e de sentimentos românticos raros, mas uma vez me disseram que as pessoas de Capricórnio foram as responsáveis pela invenção contemporânea chamada “Oi Sumido”. Não acredito em signos, mas tenho que admitir que essa afirmação me fez pensar.
Nunca fui popular, nunca curti a ideia de ter muita gente na vida, mas amava ter duas ou 3 boas companhias com quem dividir as histórias. Perceba que falei companhias e não em amigos. Amizade sempre foi um tabu de igual ou menor tamanho que relacionamentos afetivos. Quando se é bem jovem isso faz muita diferença, seus colegas têm amigos, namorados e você sempre criando uma linha comparativa que te deixa abaixo de zero. 
A gente vai envelhecendo e a solidão se torna uma coisa tão natural que fica complicado permitir a entrada de outras pessoas sem que não deixem a sensação de invasão ou de terem drenado a sua energia. Estar sozinho se torna um alívio e quanto mais o tempo passa, mais prazer você encontra no silêncio, na quietude e na ausência de pessoas. Trazer gente nova vai ficando sempre muito cansativo, toda aquela conversa, disponibilidade para conhecer o outro e permitir que ele te conheça sabendo que haverá desencontros, falta de paciência e provavelmente baixa durabilidade, torna o rolê todo muito dispensável. Abençoada liquidez.

Mas nem tudo é perfeito e há algumas épocas em que o velho sentimento de solidão retorna e com ele vem a melancolia trazer lembranças do passado e a necessidade de sorrisos acompanhados. Desse adorável mix surge o “Oi Sumido”. É óbvio que a pessoa já não lembra de você, óbvio que não faz nenhum sentido, mas é bem mais fácil procurar rostos conhecidos que iniciar contatos do zero.
Em uma dessas crises, comecei a lembrar de uma fase da adolescência e tive a péssima ideia de ler alguns cadernos antigos. Além de ver como eu escrevia mal, vi milhões de inseguranças e me lembrei de um garoto que eu gostava muito, mas tinha mil dúvidas a respeito. Um dia esse garoto disse que gostava de mim, mas disse no meio da rua, sorrindo lindo e com várias pessoas ao redor sorrindo também. Ué!? O que ele esperava? Me apavorei, saí correndo e tive certeza que ele tinha apostado com os amigos.Quem faz algo como aquilo naturalmente? Outro dia ele fez uma nova tentativa , dessa vez me disse discretamente que gostava de mim, eu apavorada, disse que gostava de outra pessoa. Não era mentira, eu era bem dividida, mas a verdade é que a outra pessoa era um amigo virtual que muito tempo depois descobri que era uma menina tão hétero quanto eu. (Pode rir) 
Todas essas lembranças inúteis me fizeram ir lá falar com ele e perguntar se realmente era uma aposta aquilo que ele disse há mais de 10 anos. Lógico que ele não se deu o trabalho de responder. De que adianta matar essa dúvida agora? Qualquer uma das respostas possíveis só irá me trazer mais tristeza, ressentimento e confirmação de inabilidade social.
Eu com certeza fui autora do “Oi sumido” mais estranho que ele já recebeu e provavelmente serei de muitos outros enquanto a TPM não passar.
Redes sociais é uma coisa que deveria acabar. rs

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