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☠ O último dia de Amélia ☠


Era 3h da manhã quando os olhos de Amélia se abriram forçosamente, a preguiça era constante, mas havia desmaiado muito cedo após a praia no dia anterior e era óbvio que acordaria antes do sol nascer.
O silêncio da casa era assustador, somente os passarinhos que vivam na janela tinham acordado, na verdade, aquela era a hora perfeita para que todas as neuroses escondidas durante o dia, brotassem como flores na primavera, uma maior e mais imponente que a outra.
Um pouco de cereal, leite, alguns chocolates e comédias românticas. Aquilo parecia o suficiente para ocupar o seu tempo até que o dia clareasse e finalmente estivesse a salvo dos seus monstros.
Sorrisos, lágrimas, fim do cereal e um barulho na janela de trás. Tic Crack Tac...Colocou a televisão no mudo e começou a ouvir passos que invadiam a sua sacada. Se viu presa em um filme de terror e se deu conta do quanto tremia quando derrubou o controle remoto, mesmo acreditando que o segurava fortemente. Ela estava em pânico, colocou a louça atrás do sofá e correu silenciosamente para se esconder atrás do armário da sala.
Por uma fresta, viu um homem alto e forte que exposto pelas luzes da rua, revirava sem cautela todos os seus pertences. Ela não conseguia parar de encarar o invasor por detrás do armário, e não demorou para surgir a hiperventilação que precedia os seus ataques de pânico. Tudo que precisava fazer era ficar quieta até que ele fosse embora, mas a sua respiração poderia denunciar a sua presença e localização. Era um verdadeiro conto de horror e quanto mais pensava que precisava parar de hiperventilar, pior a situação ficava.
Olhos fechados e pensamentos buscando os lagos da aula de meditação interrompidos pela voz grutal do invasor: Eu sei que está aí...Vim por você!
Olhos arregalados, respiração presa e o coração tão alto que acabara com todo silêncio do mundo.
BUUMM! Ele rumou um livro em direção ao armário e com o susto, ela finalmente abriu os olhos. Deitada em seu sofá, suando frio e ofegante, Amélia percebeu que o filme não havia acabado e que o cereal com leite havia se derramado pelo chão. Era só um sonho. Aliviada, ela levantou, pegou um pano sob a mesinha e ao começar a limpar toda a sujeira que tinha feito, escutou barulhos vindos da sacada. Tic Crack Tac...

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