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[About Ana e o amor] Capítulo1 - Dividir-se nunca foi tão difícil

Poderia ser noite, poderia ser dia. Se estivesse chovendo ela também não saberia dizer. Aquele ambiente era neutro de tal forma que somente o Mark era capaz de vê-los e sabê-los. No começo foi tudo muito distante e superficial, tratava-se somente de reviver uma sombra e revirar a hipótese de como seria se o ambiente fosse outro.

O tempo foi passando e a necessidade de ser por inteiro foi crescendo de uma maneira que ela não estava nem um pouco acostumada.  A ideia de que o encontraria assim que a madrugada chegasse a acompanhava durante 24h  pondo-lhe sorrisos inesperados no rosto mesmo nos momentos mais bostas do dia, bastava uma lembrança que o brilho voltava aos olhos e formigamentos invadiam-lhe as pernas.

Ana sempre preferiu a distância e a segurança pouco confiável das relações instáveis, tudo ia muito bem com o Jota até que ele voltou. Ele é um outro cara que havia desaparecido e ela não poderia dizer que tinha achado ruim.  A relação com ele era diferente, era real de uma forma que ela nunca tinha vivido antes. Enquanto esse relacionamento era um desafio dos melhores, com o Jota ela já imaginava como terminaria.

As pessoas costumam dizer que Ana é fria e distante, um tanto chata, julgadora e até mesmo metida e arrogante.  Ela já ouviu essas opiniões tantas vezes quanto quão divertida e maravilhosa ela é. A grande questão é que ela nunca teve a capacidade de dividir-se entre muitas pessoas, sempre foi para poucos e a ideia de estar rodeada de muita gente demandante por afeto a angustiava loucamente.

Ela demora a misturar-se, demora para gostar e demora a deixar de desconfiar.
Ele foi apresentado em um ambiente que nunca a deixou confortável e onde as pessoas não se sentiam confortáveis com ela, mas ele sentiu-se em casa, de repente foi como se não houvesse mais ninguém a mesa com eles, a conversa ficou íntima e tão paralela quanto era possível rodeados por 10 pessoas.  

No primeiro dia foram só risadas e compatibilidade inesperada como também tinha acontecido com o Jota.
O segundo dia só aconteceu uma semana depois, quando todas as piadinhas do escritório já haviam acabado e em um ambiente muito mais familiar para ela que para ele.  A um clique ele contava piadas e falava sobre como foi o seu dia, a outro clique ela se esforçava como sempre por aquele que impôs mais distância que ela e a tratava com certa má vontade.

Os terceiro e quarto encontros passaram voando e os beijos já começaram a se desenvolver naturalmente, ela estava confiando e confiante, mas sempre rola um “porém” nessas histórias da vida real. Ele é mais velho, melhor sucedido e a empresa dele o chamou de volta. Apesar de serem da mesma cidade, ele só estava de passagem e o tempo deles já estava acabando. Naquele ponto ela jurava que tinha razão em não ter se dado tanto, não poderia durar, coisas boas nunca duram assim.  A relação também não foi muito longe no digital, é diferente quando você conhece a pessoa pessoalmente e já gosta dela. Para eles pareceu melhor não continuar, poderia ser muito doloroso e por maturidade ou medo, resolveram parar de se falar tanto.

Nesse meio tempo Ana não conseguia parar de pensar no Jota, aquele que fazia as suas pernas tremerem em momentos inoportunos. Na verdade, foi nesse período que ela descobriu que ele era capaz de causar todo esse efeito.
O tempo passa muito rápido, as coisas mudam mais rápido ainda e quando ela estava curtindo descobrir as novas propriedades daquela relação, ele voltou.  
Voltou de vez. “E agora?” Ela se perguntou.
Ana não sabe dividir-se, sempre teve crushes longos e sempre um por vez. Preferia os amores platônicos. Entre dividir-se e correr o risco de perder um pedaço de si e guardar-se da forma mais egoísta e segura, a segunda opção sempre pareceu a mais óbvia.
Mas pqp, ele voltou!
A realidade era uma coisa nova e cheia de surpresas, ele era muito bom em surpreender, inclusive foi exatamente isso que aconteceu quando a pediu em namoro depois de quase 1 mês de conversas curtas e sem relevância. Tinha pedido transferência do trabalho no mesmo período que a conheceu, no fundo sempre soube que teria continuação, quem não sabia era ela que o considerou o mais próximo do que já viveu de um amor de verão.

“Quer ser minha namorada e ver no que dá?” ele perguntou.
“Sim!” ela respondeu.

O celular piscou e o outro disse:
“Que tal ultrapassar mais alguns limites?”
“E agora?” ela pensou.

Como uma pessoa tão adaptada a solidão poderá lidar com todo esse tumulto?

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO... 

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