Logo eu, que acredito que saber o nome dos oponentes me confere
poder e domínio sobre eles, não sou capaz de proferir o nome de quem em breve
liderará o meu país. Pra mim é como falar um palavrão dos piores e isso é bem
engraçado, já que apesar do meu posicionamento religioso, não falo cinco frases
sem a presença de um palavrão de cunho sexual.
EU TENHO MEDO DELE e não entendo como alguém com o mínimo de
escolaridade pode não ter. Já falei algumas vezes sobre política aqui e nesse
momento a minha vida nunca esteve tão inundada em discursos de políticos,
ideologias, insatisfações e questionamentos sobre o futuro. Questionar e temer o
meu futuro sempre foi minha rotina, mas me preocupar com o futuro dos que me
rodeiam e até mesmo com o de gente que eu nem conheço é completamente novo.
Acredito que há um
perigo real e certo bem diante de nós. O inverno que tanto diziam que estava chegando,
inesperadamente, irá alojar-se no Brasil em Fevereiro. Depois de muito refletir,
sentir pânico e me isolar para inspirar e expirar, me dei conta que não estamos
sozinhos. Eles sempre nos odiaram e nós sempre estivemos aqui, resistindo. Para
que eu existisse e pudesse digitar esse texto para vocês, eles passaram por
desafios iguais e até bem piores que esse que teremos pela frente. Nós também somos
capazes, mas me pergunto: A qual custo?
Primeiramente nos calaremos.
Sim. A gente vai se calar por ser a escolha mais inteligente
a fazer. Não desejamos morrer, queremos mudanças, mas ninguém em sã consciência
si dá ao carrasco como um completo idiota.
Aprender a tolerar será necessário, não dá pra confiar em quase ninguém
e as suas palavras nunca tiveram tanto potencial destrutivo como estão prestes
a ganhar. Mas não se engane, calar-se não é a mesma coisa que omitir-se.
Depois disso voltaremos para as gaiolas.
Sempre fomos forçados pelas conveniências sociais a sermos
um pouco falsos, mas agora não é só questão de salário, é questão de segurança.
Xingar pessoas mentalmente e esfregar a pele como se a quisesse arrancá-la por abraçar
alguém que desprezamos com toda a alma. Pensar uma coisa e dizer outra
completamente diferente com tanta frequência, que com o passar do tempo isso
nos levará a explodir ou a nos perder de quem realmente somos.
Não sei mais que isso, não consigo prever como será.
Sempre li diários de guerra, distopias e livros históricos e
uma das coisas que aprendi é que cada episódio acontece de uma forma diferente.
Depende do povo, da época e do lugar. Não tenho spoilers e essa é a pior parte.
Como se preparar para o desconhecido, que de um jeito ou de outro, você sabe
que será doloroso? Ninguém quer sofrer e a maioria de nós negará a si mesmo quantas
vezes for necessário para evitar que o pior aconteça. O contrário disso é
burrice, a irmã mais feia da coragem.
Devo alertar para que não se assuste, algumas pessoas se unirão ao “mal” como forma de
sobrevivência e por acreditarem que colhendo os benefícios, ficará mais fácil
de encarar a dor. Outras pessoas não terão todo esse raciocínio e somente irão
escolher o lado que parece mais forte. Quem eram os capitães do mato, senão negros
que escolheram estar do outro lado do chicote? Até que ponto isso é ruim? Como
julgar essas pessoas sem que seja por um prisma idealista e irreal? Podemos julgar?
Como podemos dizer que eles não sofreram por ser odiados por um lado e pelo o
outro? E o mais importante, como não criar um rancor tão grande que nos torne parecidos com eles?
Demorei a escrever por medo de ser crime em 2020, por não
saber exatamente o que dizer a respeito, por estar na fase da esperança
infundada, estar no momento do pesar e do medo que questiona sem palavras.
Vamos aguardar.
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