Conversando com uma amiga, percebi que é muito comum
encontrar pessoas que têm facilidade de dizer sim para tudo. Elas são capazes
de aceitar qualquer coisa só porque dizer não requer desgaste em explicações ou
até mesmo na relação. O “não” é mal visto, defensivo e às vezes até ofensivo.
Dizer “não” para alguém exige firmeza e pé firme o suficiente para resistir e
não entregar o que a outra pessoa quer, mesmo que ela insista ou tente
enfraquecer seus argumentos por chantagens emocionais bobas.
De um lado existe uma população inteira de pessoas que só
sabem dizer sim e que são movidas pelo medo dos efeitos de uma negativa. Do
outro lado existem alguns gatos pingados que morrem de medo de dizer que sim, para
eles consentir alguma coisa é muito mais complicado que negar e ter a escolha
de manter o seu universo inalterado.
O “sim” é uma palavra revestida de coragem e com efeitos
transformadores. Imagine tudo que um consentimento pode acarretar, pense em
tudo que pode acontecer quando você finalmente aceita se abrir para o mundo e
explorar as mil possibilidades de braços abertos. Pode rolar muita coisa boa,
né? Mas e o tanto de coisas ruins que podem acontecer? Você simplesmente
ignora? É essa nuvem de questionamentos pessimistas que paira sobre a cabeça do
time dos gatos pingados que adoram dizer que não.
Se dizer “não” é preservar algo como está, mesmo que esteja
ruim. É manter portas fechadas. É ser egoísta com os outros e com você. É estar
ausente mesmo quando pode estar presente. É se privar de si e privar o outro de
algo que talvez ambos quisessem. É medo.
Então dizer “sim” é revolução, mudança de estado. É
possibilidades infinitas. É entrega e comunhão. É dividir, ser, estar e amar. Dizer
sim é um ato de coragem.
Mas aqui temos uma visão tendenciosa de quem assim como a
maioria dos seres humanos acredita que a grama do vizinho é mais verde. Para
quem tem pavor das incertezas contidas no sim, quem se entrega com tanta
facilidade só pode mesmo ser um herói. Mas para quem se entrega tanto, com
tanta frequência que se vê abusado constantemente por quem se aproveita da sua
boa vontade, poder dizer não é o mais próximo de um grito de liberdade.
Todo mundo tem as suas prisões pessoais e a cada um cabe
achar a chave para a sua liberdade, seja dizendo não para o medo e sim para
vida ou dizendo não aos outros para que finalmente possa dizer sim para si.
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