Romances históricos e distopias são meus pontos fracos e
esses tempos de férias forçadas estão sendo benéficas para reforçar o meu amor.
Nesses últimos meses assisti várias séries e dei um tempo dos filmes, não sei o
que é, mas atualmente tenho sido muito mais uma pessoa de séries que de filmes clássicos
e comédias românticas como costumava ser. Se isso é bom ou ruim, eu não sei e
já passei da fase de me cobrar ser uma eximia cinéfila que entende muito dos
principais diretores e tem os clássicos na ponta da língua, na verdade essa é
uma meta tão fútil que até deixei para trás e resolvi me dedicar ao que me faz
feliz e bang! Agora, nesse momento, séries históricas fazem de mim um pinto no
lixo, danado de feliz.
Para compartilhar minha felicidade, aqui vai um top 4 das
séries que mais gostei de acompanhar e estou achando bacana. Não está em ordem
de preferência e sim na ordem em que comecei a assistir.
Os: Têm duas coisas que precisam entender antes de continuar
essa jornada de forma segura:
1 – Para esse tipo de série os spoilers estão no Wikipédia.
Não adianta drama, todo mundo já sabe o que vai acontecer e não vai haver grandes
reviravoltas mirabolantes (se houver a série não é tão boa) e a graça não está
no ponto de chegada e sim no trajeto percorrido.
Os fatos todo mundo já sabe, a beleza está na forma em que a
história é contada e nas alegorias que eles usam.
2- Não se apegue tanto aos personagens, diferente de GOT em
que as mortes são opcionais, em séries históricas a vida é como é e se ele
tiver que morrer, trair ou merdas acontecer...infelizmente vai rolar sim e vai
ser doloroso como a vida é.
Reign (3 temporadas)
Fatos
Mary teve uma vida mais triste
que feliz. Criada em um convento fora do seu país (por questões de segurança)
foi prometida ao delfin da França como forma de proteger o seu país da invasão inglesa,
mais tarde ela se casa com Francis e reza a lenda que foi um casamento feliz e
apaixonado (tem cartas românticas encontradas deles dois), mas durou bem pouco
porque ele morreu com um ano de casamento de uma mal que não sei bem qual é.
Para piorar a sogra da Mary é a Catharine de Médici, conhecida por usar métodos
não tão bacanas para conseguir as coisas e que tem uma história de vida não
menos dolorosa, eu diria que Cath merece uma série só dela, porque a jornada é
incrível.
Mas voltando para a Mary, ela
também se casa com o rei da Espanha que na época era o país mais bem armado e
ideal para assegurar a proteção da Escócia, mas de uma forma que eu ainda não
sei como (mas comprei um livro para saber) ela é levada para a corte de
Elizabeth que a mantém uma espécie de prisioneira/hóspede na casa de uns nobres
que se responsabilizam por manterem Mary tão confortável como deve ser para uma
rainha e herdeira legitima do trono inglês. Maaaaaaaaaaas dá uma merda e ela é
enforcada mesmo sem o consentimento de Elizabeth, abrindo o precedente
histórico de regicídio com faixada de julgamento justo, que de justo não tinha
nada. Até porque ela foi condenada por traição, e como trair uma rainha se você
mesmo é uma?
A série.
A história é maravilhosa, mas no começo teve uma abordagem
meio adolescente e pouco real, a série também se valida de magia e voltas
desnecessárias para esticar os fatos e deixar tudo mais brilhante. Respeitam
algumas coisas, mas inventam tanto que você fica meio confuso com o que é
embromação e o que de fato foi fruto de pesquisas, além de tudo essa embromação
e invencionices enrola demais o enredo onde você sente que eles estão o tempo
inteiro se perdendo e voltando para o prumo em um eterno zig-zag entre história
e licença poética.
Continuo assistindo porque apesar de toda a lenga-lenga digna
de novela mexicana a série é muito bonita, os atores são cativantes, a Adelaide
é tão maravilhosa que quando entra em cena você só é capaz de enxerga-la e o
cuidado com o figurino e detalhes das cortes e etc são de esquentar o coração.
O que tem me afastado da série aos poucos, além da lenga-lenga
desnecessária é o surgimento da corte inglesa que traz o historicamente
conhecido romance da Elizabeth com o então casado Robert Dudley já relatado em
O amante da Virgem da Philippa Gregory com bastante maestria. Entretanto, ao
invés de tratarem as questões amorosas da Elizabeth como papel de fundo, eles
optaram por dar um enfoque dramático tão grande que ofusca quase que
completamente a imagem de mulher forte que a Elizabeth firmou ao longo da vida.
Além disso, não gostei nem um pouco da atriz escolhida para dar vida à personagem,
já conhecia a atriz do personagem Valquíria na série Lost Girl e sinceramente,
tinha atrizes muito melhores para preencher um lugar tão importante nessa
história.
The White queen (1 temporada)
Nunca tinha ouvido falar da existência dessa Elizabeth antes
de ver a série e pesquisar um pouco mais. A existência dela é a porta que dá
entrada para várias outras histórias simultâneas de uma forma impossível de
explicar nesse post, até porque me atrapalharia toda, mas é importante entender
que mesmo com a passagem dela pela história da Inglaterra sendo relativamente
curta e até simples, foi o suficiente para embaralhar várias cartas nesse
grande jogo que são os tronos <3
Fatos
Ela era uma camponesa filha de donos de terras da família Woodville,
viúva, historicamente
conhecida como pertencente a uma linhagem de bruxas e mãe
de dois filhos. Ele a conheceu em uma das andanças pré- guerra civil que
serviam para contestar sua legitimidade ao trono. Rei Eduardo IV era o recente
coroado pertencente a casa de York e treinado pelo lendário fazedor de reis, era
um período de grande instabilidade para o trono que disputava com seu irmão e
com seus primos e ao invés de optar por uma união que lhe assegurasse boas
alianças como aconselhara o seu mentor, ele optou por se casar escondido com
uma camponesa que ninguém nunca ouviu falar e que tudo que tinha a oferecer era
amor, um ventre fértil e uma família cheia de homens dispostos a lutar.
A série
Não tenho muito o que dizer a não ser que gostei muito. Teve
somente uma temporada e por isso não deu muito espaço para embromações ridículas
e enfoques desnecessários. Figurinos impecáveis e atores ótimos, não há como
não criar simpatia profunda pela mãe da rainha.
The Last Kingdom (1 temporada)
Antes dessa série eu nunca antes tinha pensado sobre os Vikings,
na verdade, nunca tinha enxergado além dos deuses nórdicos e os desenhos. Não
tenho a mínima ideia se o Uhtred existiu, mas sei que a série é adaptação de um
livro de crônicas saxônicas, no entanto, apesar da série ser muito boa, é difícil
perceber uma linha histórica interessante ou até mesmo tentar aprender muito sobre
a cultura e percepções da época, eles focam muito no personagem principal que é
maravilhoooso e faz muito a série valer a pena, mas ele acaba sendo o nosso
único ponto referencial em quase tudo, já que eles não desenvolvem nenhum
personagem secundário forte ou duradouro o suficiente para não ficar sem á
sombra do Uhtred.
Mas é bem boa e me leva ao meu novo e grande amor.
Vikings (3 temporadas)
Tinha muito ouvido falar dessa série, mas depois da decepção
com Spartacus (que eu odeio), fiquei bem resistente e fui boba o suficiente
para ter protelado tanto.
A série se passa em no período que pode ser de 700 á 800 d.c
e conta a história de Ragnar Lodbok e de toda a sua família de conquistadores.
Não há muito o que dizer, ainda sou nova nessa onda nórdica, mas estou adorando
descobrir os detalhes, o que torna tudo mais difícil é a inconsistência dos fatos. Os relatos foram escritos muito tempo depois dos acontecimentos e quase
sempre tem interferências de deuses e acontecimentos sobrenaturais, fica muito
complicado saber o que aconteceu de verdade, o que é lenda e blábláblá...mas há pontos incontestáveis como as conquistas territoriais, aspectos culturais e avanços nas técnicas
de combate vikings.
Diferente dá série anterior, Ragnar é a cola que conecta
todo mundo, no entanto existem diferentes núcleos e vidas muito além do
controle dele, assim é possível ter um panorama muito amplo da época e não
ficar escravo dos pensamentos e das perspectivas do personagem principal tendo uma narrativa muito mais rica.
Não posso falar muita coisa sobre o enredo, porque tudo
pareceria spoiler, mas a grande verdade é que estou fortemente apaixonada pela
série e pela cultura, só em pensar na Lagherta minha perna treme. Ela é a
primeira esposa de Ragnar e uma escudeira famosa que acaba ficando em casa para
cuidar dos filhos, mas nunca se colocou em lugar de mulher frágil e sempre
lutou pra defender suas crias e seu lar. Depois que eles crescem mais
um pouco ela volta a ativa e viaja junto com Ragnar para lutar e pilhar junto
com ele. Tão maravilhosa, segura do seu corpo e força e acima de tudo capaz de liderar e ser protagonista da sua própria vida apesar de amar Ragnar forever .
O ponto mais positivo de todos os mil positivos que essa série
tem, é a forma que a mulher é colocada. Apesar de ser uma série de época, não
abusa do sexo ou da nudez, fala de estupro de uma forma peculiar e traz as
mulheres de forma complexa e válida. Elas não estão alí por estar, não são somente alegorias, cada
personagem é construído com complexidade e profundidade independente se é homem
ou mulher, elas não estão alí por eles, elas têm as suas próprias jornadas,
pensamentos e ambições. <3
Por hoje é só pessoal!