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Fica comigo hoje?

Hoje é um daqueles dias em que ela o procuraria com a fala mole e andar macio
Dos dias em que acorda como humana e adormece como felina
Fruto da água, luz do sol ou do vento que vinha da praia
Alguma magia transformava o seu pensar em sentir
Ao entardecer de dias assim, se fazia mais gata que mulher
Antes do encanto se acabar estaria enroscada nas pernas dele
Diria o que a humana jamais se lembraria
Sozinha e sem solidão, se aproximava sem cerimônia.
Quer ser meu dono só hoje? Ela ronronava.
Quer esquecer que está bravo? Ela propusera.
A felina mendigava carinho, se realizava, ronronava em gratidão e desaparecia livre como nasceu.
Mas agora era diferente, nem a gata e nem a mulher o encontraram.
A gata hoje irá adormecer cantando para estrelas e tentando seduzir o luar.
A humana acordará com a falta de alguém que nunca esteve.



Palavra pequena com significado amplo e capaz de coordenar todo o seu modo de compreender o mundo.

Ter fé é acreditar em algo que não dá sinal de que vai acontecer ou que contrarie todas as evidências que se tem nas mãos. É fechar os olhos, entregar os seus passos e caminho na mão daquele que já te conhecia antes mesmo de nascer e mesmo com medo de cair, se manter firme sabendo que a sua vida está muito bem guardada.

A arrogância de um coração jovem que acredita saber exatamente o que deseja do seu futuro e ter calculado de forma impecável cada passo que será dado, nunca é capaz de prever os tropeços escondidos em cada curva e muito menos de se erguer tão rápido de cada queda. Para alguns é mais fácil, mas para outros é preciso muita dor para compreender que infelizmente nem tudo sai como o planejado e que não importa quanto sangue e suor você colocar em um projeto, se no final ele simplesmente não era para ser.

É vivendo que se aprende a viver e confiando que se percebe que o volante da sua vida, merece um condutor melhor que você. Quantas vezes acreditamos cegamente em alguma coisa e somente depois, quando chegamos ao alto da montanha que parecia impossível, tomamos distância o suficiente para perceber que não estávamos tão absolutamente certos quanto pensávamos estar?

A fé existe tranquilamente sem a religião. Se acreditar com força em algo que parece de certo modo improvável, você já está exercendo a sua fé. Pode ser em você mesmo, no ser humano, na natureza, as possibilidades são infinitas. Ser ateu não lhe impede de ter fé e desejar muito que algo aconteça motivada somente pela força do pensamento, inclusive acho muito fofo quando ateus convictos me aparecem como uma dessas e dizem que só estavam desejando com muita força. Mas não é disso que se trata esse texto.

Para mim a fé é um dom que vem do alto. As pessoas geralmente pensam que acreditar em Deus e se esforçar para seguir a palavra dele lhe imputa automaticamente um espírito manso e contrito, mas não é nada disso. A melhor comparação que já ouvi é que o nosso espírito é como um cavalo bravo resgatado de um lar destruído se adaptando ao novo ambiente, que luta todos os dias para se manter selvagem e no controle do seu próprio caminho mesmo sabendo que não há lugar melhor que o seu novo lar e que não precisa mais se debater, pois está tudo bem.

Sou um verdadeiro cavalo bravo que pela fé entrega as suas rédeas a quem conhece o caminho melhor que eu jamais poderei conhecer, mas não pense nem por um segundo que essa entrega não é dolorosa ou que nunca há vontade de fugir e fazer tudo do meu jeito. O ser humano tem afeição pela autodestruição e cria seus monstros como pequenos animais de estimação, estragar cada sonho e promessa que fiz pra mim mesma é uma tentação constante.

A sua estrada terá pedras, mas elas não serão capazes de te parar, haverá montanhas que com as mãos feridas você conseguirá transpor e lagos fundos e revoltos onde quase você irá se afogar. Não pense nem por um segundo que estou falando de uma escolha fácil. Já pensou em passar por uma cirurgia que irá salvar a sua vida, só que sem nenhum anestésico? É disso que eu estou falando.

O mundo é um vício, o poder é entorpecente e a fé é o antídoto que te ajuda a caminhar sem olhar para trás. Talvez o seu objetivo inicial nunca seja alcançado, mas o valor da sua jornada e o do ponto de chegada dificilmente algum dia poderão ser questionados, porque ao seu lado você teve o melhor de todos os guias e o amor dele por você é tão grande que será tudo você precisa. O nome desse guia é Jesus, recomendo.


Vai ser SIM ou NÃO?


Conversando com uma amiga, percebi que é muito comum encontrar pessoas que têm facilidade de dizer sim para tudo. Elas são capazes de aceitar qualquer coisa só porque dizer não requer desgaste em explicações ou até mesmo na relação. O “não” é mal visto, defensivo e às vezes até ofensivo. Dizer “não” para alguém exige firmeza e pé firme o suficiente para resistir e não entregar o que a outra pessoa quer, mesmo que ela insista ou tente enfraquecer seus argumentos por chantagens emocionais bobas.

De um lado existe uma população inteira de pessoas que só sabem dizer sim e que são movidas pelo medo dos efeitos de uma negativa. Do outro lado existem alguns gatos pingados que morrem de medo de dizer que sim, para eles consentir alguma coisa é muito mais complicado que negar e ter a escolha de manter o seu universo inalterado.

O “sim” é uma palavra revestida de coragem e com efeitos transformadores. Imagine tudo que um consentimento pode acarretar, pense em tudo que pode acontecer quando você finalmente aceita se abrir para o mundo e explorar as mil possibilidades de braços abertos. Pode rolar muita coisa boa, né? Mas e o tanto de coisas ruins que podem acontecer? Você simplesmente ignora? É essa nuvem de questionamentos pessimistas que paira sobre a cabeça do time dos gatos pingados que adoram dizer que não.

Se dizer “não” é preservar algo como está, mesmo que esteja ruim. É manter portas fechadas. É ser egoísta com os outros e com você. É estar ausente mesmo quando pode estar presente. É se privar de si e privar o outro de algo que talvez ambos quisessem. É medo.
Então dizer “sim” é revolução, mudança de estado. É possibilidades infinitas. É entrega e comunhão. É dividir, ser, estar e amar. Dizer sim é um ato de coragem.
Mas aqui temos uma visão tendenciosa de quem assim como a maioria dos seres humanos acredita que a grama do vizinho é mais verde. Para quem tem pavor das incertezas contidas no sim, quem se entrega com tanta facilidade só pode mesmo ser um herói. Mas para quem se entrega tanto, com tanta frequência que se vê abusado constantemente por quem se aproveita da sua boa vontade, poder dizer não é o mais próximo de um grito de liberdade.
Todo mundo tem as suas prisões pessoais e a cada um cabe achar a chave para a sua liberdade, seja dizendo não para o medo e sim para vida ou dizendo não aos outros para que finalmente possa dizer sim para si.

O inominável e o futuro


Logo eu, que acredito que saber o nome dos oponentes me confere poder e domínio sobre eles, não sou capaz de proferir o nome de quem em breve liderará o meu país. Pra mim é como falar um palavrão dos piores e isso é bem engraçado, já que apesar do meu posicionamento religioso, não falo cinco frases sem a presença de um palavrão de cunho sexual.

EU TENHO MEDO DELE e não entendo como alguém com o mínimo de escolaridade pode não ter. Já falei algumas vezes sobre política aqui e nesse momento a minha vida nunca esteve tão inundada em discursos de políticos, ideologias, insatisfações e questionamentos sobre o futuro. Questionar e temer o meu futuro sempre foi minha rotina, mas me preocupar com o futuro dos que me rodeiam e até mesmo com o de gente que eu nem conheço é completamente novo.

Acredito que há um perigo real e certo bem diante de nós. O inverno que tanto diziam que estava chegando, inesperadamente, irá alojar-se no Brasil em Fevereiro. Depois de muito refletir, sentir pânico e me isolar para inspirar e expirar, me dei conta que não estamos sozinhos. Eles sempre nos odiaram e nós sempre estivemos aqui, resistindo. Para que eu existisse e pudesse digitar esse texto para vocês, eles passaram por desafios iguais e até bem piores que esse que teremos pela frente. Nós também somos capazes, mas me pergunto: A qual custo? 


Primeiramente nos calaremos.
Sim. A gente vai se calar por ser a escolha mais inteligente a fazer. Não desejamos morrer, queremos mudanças, mas ninguém em sã consciência si dá ao carrasco como um completo idiota.  Aprender a tolerar será necessário, não dá pra confiar em quase ninguém e as suas palavras nunca tiveram tanto potencial destrutivo como estão prestes a ganhar. Mas não se engane, calar-se não é a mesma coisa que omitir-se.

Depois disso voltaremos para as gaiolas.
Sempre fomos forçados pelas conveniências sociais a sermos um pouco falsos, mas agora não é só questão de salário, é questão de segurança. Xingar pessoas mentalmente e esfregar a pele como se a quisesse arrancá-la por abraçar alguém que desprezamos com toda a alma. Pensar uma coisa e dizer outra completamente diferente com tanta frequência, que com o passar do tempo isso nos levará a explodir ou a nos perder de quem realmente somos.

Não sei mais que isso, não consigo prever como será.
Sempre li diários de guerra, distopias e livros históricos e uma das coisas que aprendi é que cada episódio acontece de uma forma diferente. Depende do povo, da época e do lugar. Não tenho spoilers e essa é a pior parte. Como se preparar para o desconhecido, que de um jeito ou de outro, você sabe que será doloroso? Ninguém quer sofrer e a maioria de nós negará a si mesmo quantas vezes for necessário para evitar que o pior aconteça. O contrário disso é burrice, a irmã mais feia da coragem.

Devo alertar para que não se assuste, algumas pessoas se unirão ao “mal” como forma de sobrevivência e por acreditarem que colhendo os benefícios, ficará mais fácil de encarar a dor. Outras pessoas não terão todo esse raciocínio e somente irão escolher o lado que parece mais forte. Quem eram os capitães do mato, senão negros que escolheram estar do outro lado do chicote? Até que ponto isso é ruim? Como julgar essas pessoas sem que seja por um prisma idealista e irreal? Podemos julgar? Como podemos dizer que eles não sofreram por ser odiados por um lado e pelo o outro? E o mais importante, como não criar um rancor tão grande que nos torne parecidos com eles?

Demorei a escrever por medo de ser crime em 2020, por não saber exatamente o que dizer a respeito, por estar na fase da esperança infundada, estar no momento do pesar e do medo que questiona sem palavras.

Vamos aguardar.



Vou muito bem sem você, obrigada.

No começo achei que a dor seria tanta que não daria conta de manter a cabeça erguida. Afinal, rastejar por afeição é um hábito do qual ninguém deveria se orgulhar. Fraquejei e me arrependi tanto que esse tropeço foi o suficiente para obter forças para percorrer o resto do caminho.
Ouvindo áudios velhos? Sim.
Visitando a rede social? Sim.
Revisitando referências próprias da gente? Sim.
Assistindo série que você indicou e morrendo de vontade de ir comentar? Claro! Não há progresso sem dor! (vulgo No Pain, No Gain)

Apesar de ter tomado a decisão de cortar os laços por impulso, hoje consigo ver que foi o melhor para a gente, na verdade, o “a gente” talvez só existisse dentro da minha cabeça. E deixo claro que gosto muito de colocar essa possibilidade em dúvida porque desse jeito fica menos deprimente, mas se tem uma coisa que aprendi com comédias românticas é: “Se ele gosta de você ele vai dizer e se ele te quer, não deixará dúvidas sobre isso.”

Tudo está bem! Impressionante a capacidade que os humanos têm de se adaptar e mais incrível ainda é a capacidade de se apegar de forma dolorosa a alguém que se torna um hábito, alguém que funciona como o choque para os ratinhos entediados, uma fonte de sentimentos bons e ruins que você recorre sempre que deseja sentir alguma coisa. Like a drug!

O nome desse comportamento é dependência emocional.
Aprendi esse conceito semana passada, li um livrinho e percebi que ele define grande parte das minhas histórias relatadas nesse blog. Basicamente é você encontrar alguém e se apegar tanto a essa pessoa que acaba misturando tudo até se tornar intenso, doloroso e com o tempo, tóxico.

Ninguém é imune a esse tipo de comportamento, mas algumas pessoas possuem mais propensão. Essa fragilidade se deve às experiências acumuladas durante a vida ou até pela forma que lidam com a sociedade, mas também pode surgir de um momento pontual de vulnerabilidade. A verdade é que pessoas solitárias, tímidas ou com longo histórico de exclusão ou bullying têm muito mais facilidade para encarar amigos ou parceiros como tábuas de salvação. Elas acabam se perdendo na relação e definindo a sua existência e alegrias através desses terceiros que podem ou não endossar esse tipo de comportamento.
Surgem então, atitudes bizarras como: Ciúmes, mentiras para chamar atenção, divisão exagerada de problemas, manipulação, controle sobre a vida do outro e todo o tipo de coisas que vemos o tempo inteiro vinculadas aos relacionamentos abusivos.

Concluí que você pode acabar se tornando abusivo com a outra pessoa por medo de que ela vá embora e,por outro lado, você pode acabar permitindo que uma pessoa seja má com você por puro medo de ficar sem ela. Pelos casos que li, a tendência é seguir uma ladeira abaixo infinita, até o ponto em que uma mulher permite-se apanhar e permanecer do lado do seu agressor por acreditar que não haveria “life after love”.

Pretendo continuar lendo sobre isso, aprendendo mais e mais sobre o assunto e entender como preencher essas faltas que acabamos involuntariamente delegando para pessoas que não possuem essa obrigação com a gente. Estou bem, muito bem!
Costumo dizer que chamar as coisas pelos seus nomes, lhe imputa um poder tremendo no combate a elas, e assim, vamos vencendo uma luta após a outra!

E se você reaparecer do nada...Bem...Vou ficar imensamente feliz e infinitamente triste.