O computador e a internet chegaram bem tarde para mim. Ganhei
o meu primeiro PC em 2008 e nesse mesmo ano descobri um universo maravilho que
ressignificou a minha vida. Lógico que antes ia muito a lan houses, mas não é a
mesma coisa nem de longe. Quando o mundo digital entrou na minha casa não havia
mais dia ou noite e acima de tudo, não havia mais solidão.
Nunca fui das pessoas mais sociáveis, mas sempre tive amigos
e grupos com os quais costumava andar e compartilhar coisas da vida. Eram amizades
de escola e faculdade que poderiam atravessar os anos ou não. Depois que a
internet chegou acabei me trancando no mundo digital e aprendendo a me
expressar de outras formas que me tornaram próximas de pessoas que viviam a quilômetros
de distância e absurdamente mais distante das que estavam do meu lado. Acomodei com as relações intensas, porém
confortáveis, que desenvolvia através da tela e não me interessava mais pelos
olhos, toque ou manter por perto pessoas que conhecia no dia a dia. Perdi todos
os amigos daquela época, eram poucos, mas tinha rs
Ontem depois de 10 anos tive um momento de iluminação e
resolvi repensar tudo o que tenho feito até agora, me foquei em tirar lições de
cada acontecimento vivido de lá pra cá e posso dizer com tranquilidade que
enterrei os meus 20 e poucos anos na tela de um computador. Sinto que agora
chegou o momento de crescer e conhecer outros universos que podem ser tanto ou
mais acolhedores quanto o digital foi no momento em que mais precisava.
Sair do meu quarto, ver shows pessoalmente, praticar atividades externas...as
possibilidades são inúmeras.
São incontáveis os amigos que fiz, as histórias que vivi e
as coisas que aprendi com cada pessoa que encontrei por esses caminhos
tortuosos da web. Todas as relações que
tive foram intensas e reais de jeitos muito especiais. Cada amor era de um
jeito e cada paixão que senti me fez um pouco mais a mulher que sou hoje.
Esse é claramente o texto de uma nerd solteirona que só
sabia rir, pertencer a uma comunidade e namorar pela internet. Essa é uma parte
de mim que vou manter guardada com muitooo carinho e gratidão, mas que por mais
que tentasse evitar, morreu. Essa pessoa
de 10 anos atrás, que chegou aqui sempre saber o que encontrar, já não existe
mais e as coisas que a faziam feliz, já não servem mais para mim.
Como será a vida pós-web-life?
Primeiramente, me sobrará mais tempo para ler livros e escrever. Sei
disso porque já cortei o computador por um tempo e foi exatamente isso que fiz.
Em segundo lugar, não
me sobrará opção a não ser dar oportunidade para que as pessoas que estão a minha
volta façam parte da minha vida e contribuam de forma real para o meu dia a
dia e essa é a parte só não é mais difícil que o tópico: “talvez deixar de ser
uma solteirona”. Se apaixonar olhando no olho!? Quem faz isso? kkk
Sempre falei sobre solitude por ser uma coisa em que
realmente acredito e busco desenvolver um pouco mais todos os dias, mas a vida
não é somente amar-se e entender- se. O mundo não começa e termina na gente e cada
um tem o potencial de ser o epicentro de algo muito bacana que impacte outros
seres humanos de forma real e benéfica. O Dr. Martin Luther King tinha esse modelo
que amo revisitar e que só agora me predispus a executar.
Vamos redescobrir o mundo, coleguinhas!
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