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Morte e renascimento da reputação da Taylor Swift

Música e o mundo pop sempre foram grandes paixões e acredito que um mercado tão grande tem muito mais que oferecer que bons hits e algumas fofocas. Reposicionamento, controle de crise, marketing pessoal, branding e milhares de outras teorias que lidamos e estudamos todos os dias no mundo empresarial podem ser facilmente identificadas entre singles e álbuns do mundo pop. Toda essa bagunça, brigas, quedas e ascensões nos ensinam muito sobre a nossa profissão e até mesmo sobre a vida. Não acredita? Podemos começar fazendo uma recapitulação da trajetória da Taylor Swift, mas conhecida como salvação do pop no ano de 2017 e ver um pouco de como tudo isso movimenta o mercado fonográfico.

Para entender como chegamos até aqui e porque esse momento é único na vida da Taylor e muito apreciável quando pensamos em estratégias de marketing, é preciso um resumo dos acontecimentos para se localizar direitinho. Vai parecer um pouco com a 4° série, a diferença é que envolve milhões e algumas ações inteligentes que surtiram um efeito contrário ao esperado. Além disso, traz a força das mídias e a forma que cada uma delas pode ser utilizada dentro de um cenário muito maior, como o grande quebra cabeça que todos nós desejamos ser hábeis para recriar dentro de um planejamento favorável ao nosso cliente.




Podemos tomar como princípio o memorável ano de 2009 quando o Kanye West invadiu o palco, tomou o microfone da mão da Taylor e disse que quem merecia a vitória era a Beyoncé. (http://rollingstone.uol.com.br/noticia/vma-2009-beyonce-leva-premio-principal-mas-protesto-de-kanye-west-ganha-holofote/#imagem0) Esse acontecimento levou a carreira dela para outro nível, até então só os adolescentes sabiam exatamente quem era e agora toda a mídia só falava dela.

Entre os anos de 2014 e 2016 começaram a surgir novas problematizações que vou organizar em lista para ficar mais fácil de acompanhar:

  • TS Squad’s. Essa era a gang de mulheres poderosas e famosas que a Taylor recrutou para se apresentarem como melhores amigas dela. Nada de drogas ou amizade verdadeira, se tratava de fortalecimento da imagem por associação. (https://www.thesun.co.uk/living/3039192/taylor-swift-girl-squad-crew-best-friends/) – Isso fez com que ela aparecesse nas redes sociais das pessoas mais relevantes da temporada e criasse a ilusão de ser a pessoa mais poderosa do mercado fonográfico no momento. A partir disso, o grande sonho das garotinhas era o de ser amigas da Taylor Swift e poder sentar com ela no recreio -



  • Ela recrutou várias de celebridades do Victoria’s Secret e do mundo pop para o clipe que facilmente deve ser o com mais gente milionária por segundo. Ousou nos figurinos, e claro, deixou todo mundo boquiaberto com o seu poder. Até aí tudo bem, só que a música Bad Blood foi endereçada a Katty Perry por uma confusão envolvendo “recrutar os melhores dançarinos da outra perto do início da turnê”, elas deixaram de ser colegas cordiais e se tornaram do tipo que trocam shades na internet. Nada ficou subentendido e a KT respondeu via Tweet “Cuidado com a Regina George em pele de cordeio” em uma clara referência ao filme Meninas Malvadas. – O clipe foi primeiro lugar no Youtube, só se falou sobre ele por semanas e deu bons retornos financeiros, mas foi a gota d’agua em relação ao discurso falsamente feminista e começou a deixar bem cansativo o mal hábito de sempre fazer músicas para provocar alguém famoso, nesse momento, se ela tinha muito amigos, Katy também tinha. A estratégia usada por anos encontrou um limite e agora estava falida-

Como golpe final à sua imagem, Kanye West retorna a citando na letra de Famous e a chamando de vadia. Ela reclamou e achou tudo um absurdo, ele disse que ela havia permitido e ela continuou negando. Depois de confusões e advogados, a Kim resolveu se intrometer e após ter comentando em seu reality show (um dos mais populares nos EUA) sobre a existência de provas que de fato o Kanye tinha pedido permissão, jogou as imagens no Snapachat e não demorou a subirem a tag #KimExposedTaylorParty no ranking mundial, seguida das tags #TeamTaylor e #TeamKardashian. A Taylor ainda tentou se defender (também pelo Twitter) dizendo que ele não mostrou a música como prometido, mas já era tarde, o dano já estava causado e o emoticon usado a se referir a ela na internet agora era o da Cobra.

Essas são as polêmicas mais famosas, mas também houveram demissões, ex namorados e etc. Ao fim do ano de 2016 a reputação de boa menina romântica que todo mundo queria ser amiga já havia sido destruída e tudo que sobrou foi a devoradora de homens, falsa e mercenária. Mas quando a vida te oferece limões, a sua obrigação é preparar uma ótima limonada e foi isso que a TS fez em seu novo álbum nomeado Reputation que será lançado no dia 10.



A primeira música de trabalho foi “Look what you make me do” onde letra e vídeo se tratam do maior shade que ela poderia ter feito após todos esse acontecimentos. Encarou todos os seus inimigos de frente, trouxe as polêmicas que citei e muitas outras de forma luxuosa e irônica. Abraçou em definitivo o título de cobra e se apresentou como rainha delas, declarando a morte da TS que todo mundo “tripudiou” nos últimos 3 anos.

Ela poderia ter se escondido debaixo de uma pedra, poderia ter esperado mais tempo para voltar à ativa. Mas ele simplesmente resolveu aceitar a morte da reputação que havia cultivado por toda a adolescência e assumir sozinha a liderança entre as veteranas do pop no ano em que a sua maior rival (KT Perry) lançou um cd que foi um total fiasco. Sem dificuldades ela emplacou o primeiro lugar nas paradas de sucessos e tornou o público parte de seu time quando acolheu a personalidade de vilã que os acontecimentos deram para ela. Até então, toda essa reviravolta merece muitas palmas.

Quem também pode ensinar muito sobre essa questão da vida e dos limões é o Justin Timberlake que depois do noivado mais balado do mundo do pop terminar em traição por parte da Britney, lançou “Cry me a river” como carro chefe do seu primeiro cd solo (Justified ) e emplacou primeiro lugar nas paradas de sucessos, enquanto a sua ex-noiva abraçou a reputação de traidora sexy e beijou a Madonna ao vivo para o mundo inteiro. E o que falar da Beyoncé que transformou a traição do marido em puro ouro e discurso de empoderamento feminino negro através de Lemonade?

O mercado fonográfico está cheio de grandes cases que podemos analisar isoladamente e extrair lições bem claras sobre ideias brilhantes a as não tão maravilhosas assim. É importante sair do nosso nicho musical, ir além, percebendo ações voluntárias e involuntárias e seus impactos. Encontrar dicas valiosas longe da áurea publicitária arrogante em que o nosso mercado está submerso e de bônus, conseguir inspirações para a produção de conteúdos. O mundo está mudando e as coisas estão evoluindo com muita velocidade, ações de 1 ano atrás já parecem abomináveis, e o melhor de tudo isso é que as pistas do que virá pela frente estão em todos os lugares.

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