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Livro da semana: 10 Livros Que Estragaram o Mundo (FIQUEM DE OLHO!)

É um livro bem popular entre reacionários, mas que vale sim a pena ser lido. 

Nenhuma história tem só um lado, nada nesse mundo é tão simples como parece e desqualificar o discurso do outro sem ao menos conhece-lo de verdade é tudo que a elite manipuladora (seja lá quem ela for) quer de você. 
Inclusive, fico bem triste ao pensar nas falhas que tive em minha formação onde muitas (todas as vezes) fui induzida a concorda com tudo que me era apresentado em sala de aula e caso discordasse, recebia algo como " é assim e pronto", quando na verdade o minimo que eu esperava era ter acesso as versões existentes e ter o direito de escolher com quais delas concordaria.

O professor é uma pessoa que tem a nossa confiança e com a qual ficamos vulneráveis em acreditar em tudo que nos dizem principalmente na escola, onde ele com o livro didático são os responsáveis por formar o jeito de pensar de alguém que nem se quer sabe exatamente como fazer isso. É agir de má fé dar ao seu aluno somente a verdade que acredita ser real, mas o que temos também que entender é que se trata de um ciclo vicioso, onde as pessoas evitam ter acesso aos contrários ou que se acostumam a ler ou entrar em contato somente com os que lhe são uníssonos. Para mim foi tudo ainda pior, simplesmente porque o meu professor de história era também o de filosofia e de sociologia.
Estou engatinhando e pela primeira vez sou a única responsável por conduzir os meus próprios estudos e formação de conhecimento. Isso é apavorante e a cada minuto que passa sinto mais um pouquinho do meu mundo cair diante de possibilidades que nunca pensei antes existir.
E aí entra esse livro.

10 Livros Que Estragaram o Mundo – e Outros Cinco Que Não Ajudaram Em Nada, de Benjamin Wiker


O Wiker é teísta e lógico que o ponto de vista dele em criticar Descartes, Hobbes, Marx e outros tantos, vai levar sim a moral e a formação dele em consideração, mas nem por isso o discurso se torna autoritário, fanático ou sem sentido. Estou quase no fim do livro e ele nunca trouxe nem se quer uma citação bíblica para justificar o ponto dele que quase sempre segue um caminho conservador e deixa respingar ideologias cristãs. Bem...sou cristã e isso não me incomodou, mas se isso te incomoda muitoo, ainda assim recomendo o livro. Assim você pode odiar o Wiker e amar ainda mais os seus filósofos, mas tendo ciência dos possíveis pontos negativos das teorias deles.

No geral esse livro lhe faz ter consciência do poder de uma ideia e de quão venenosa ou construtiva ele pode ser (falando nisso indico um filme chamado A onda), além de mostrar o quanto somos influenciados e temos nossos pensamentos moldados por pressupostos que talvez a gente nem se quer concorde, mas não temos uma noção real de toda essa interferência na construção do ser e dos ruídos que carregamos em nossos discursos cotidianos. 


Os 10 grandes estragos trazidos são esses:

Capítulo 5 - Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels
(1848)
Capítulo 6 - Utilitarismo, de John Stuart Mill (1863)
Capítulo 7 - A descendência do homem, de Charles Darwin (1871)
Capítulo 8 - Além do bem e do mal, de Friedrich Nietzsche (1886)
Capítulo 9 - O Estado e a Revolução, de Vladimir Lênin (1917)
Capítulo 10 - O eixo da civilização, de Margaret Sanger (1922)
Capítulo 11 - Minha luta, de Adolf Hitler (1925)
Capítulo 12 - O futuro de uma ilusão, de Sigmund Freud (1927)
Capítulo 13 - Adolescência, sexo e cultura em Samoa, de Margaret Mead (1928)
Capítulo 14 - O relatório Kinsey, de Alfred Kinsey (1948)

Os 5 que não ajudaram foram esses:

Capítulo 1 - O Príncipe, de Nicolau Maquiavel (1513)
Capítulo 2 - Discurso sobre o método, de René Descartes (1637)
Capítulo 3 - Leviatã, de Thomas Hobbes (1651)
Capítulo 4 - Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os
homens, de Jean-Jacques Rousseau (1755)

E rola um choramindo com esse aqui que inclusive já até baixei pra ler depois HUAHAUAH

Capítulo 15 - A mística feminina, de Betty Friedan (1963)

Tenho refletido sobre muitas coisas enquanto leio esse livro e talvez até escreva um outro post quando chegar ao fim. Mas até então...é só isso mesmo!

ATENÇÃO!! (UPDATE)

Se já estava rolando um problema de confiança, a onda piorou graças a má fé desse autor que me fez desacreditar toda a sua obra a partir de apenas uma traição.
O autor se propõe a encontrar o "bug" no raciocínio os tais livros apresentam e para isso ele sempre traz trechos originados do livro em questão para comprovar o que ele está dizendo. Nesse caso ele estava falando do livro Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels
(1848) e apresentou o seguinte trecho:
Mas vocês, comunistas, implantariam a comunhão das mulheres”,[ V ] grita em coro toda a burguesia.[...] nada é mais ridículo do que a indignação moralista da nossa burguesia quanto à comunhão das mulheres que, eles dizem, estabelece-se oficial e abertamente pelos comunistas. Os comunistas não precisam implantar a comunhão das mulheres; isso existe praticamente desde sempre. Nossos burgueses, não contentes em terem as mulheres e filhas dos proletariados à sua disposição – sem falar nas prostitutas nominais –, têm maior prazer ainda em seduzir as esposas uns dos outros. O casamento burguês é na verdade um sistema de esposas em comum e, portanto, no que os comunistas podem ser repreendidos é, no máximo, por quererem introduzir uma comunhão aberta e legalizada das mulheres, ao invés de uma que é escondida hipocritamente das mulheres; isso existe praticamente desde sempre. Nossos burgueses, não contentes em terem as mulheres e filhas dos proletariados à sua disposição – sem falar nas prostitutas nominais –, têm maior prazer ainda em seduzir as esposas uns dos outros. O casamento burguês é na verdade um sistema de esposas em comum e, portanto, no que os comunistas podem ser repreendidos é, no máximo, por quererem introduzir uma comunhão aberta e legalizada das mulheres, ao invés de uma que é escondida hipocritamente.

Com isso, em que você acredita? Fiquei simplesmente chocada, por isso fui diretamente ao livro fonte e na verdade o que tem dentro dessa maliciosa reticências é isso aqui:

Para o burguês sua mulher nada mais é que um instrumento de produção. Ouvindo dizer que os instrumentos de produção serão explorados em comum, conclui naturalmente que haverá comunidade de mulheres. Não imagina que se trata precisamente de arrancar a mulher do seu papel atual de simples instrumento de produção. 

Espertamente o autor suprimiu um parágrafo e assim descontextualizou todo um pensamento, que de tornar a mulher um bem público, passou a ser uma passagem que pode ser até considerada feminista.
Não quero com isso qualificar ou não movimento algum, mas sim mostrar o quão desonesto esse autor foi nesse momento e provavelmente em muito outros, mas deixo claro que não prossegui com a investigação ou com a leitura.

Fiquem de olho!

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