Assim que fiquei desempregada o meu melhor amigo me assistiu por em dia todas as minhas séries e fazer maratonas de filmes por semanas a fio, estava especialista em vários gêneros e ficava bem feliz com isso na verdade. Deitada lá, vendo série, lamentando a falta de um objetivo ou um caminho bem definido na vida e levantando só para comer e tomar banho.
O melhor de ter um amigo como ele é que as vezes ele fala umas coisas tão impactantes de uma forma tão despretensiosa que aquela ideia é capaz de habitar a sua mente e dar milhares de filhinhos que em breve mudarão completamente a sua forma de pensar. A frase da vez foi:
“Amiga! Você só fica aí deitada refazendo esse currículo e vendo série. Movimento atrai movimento e você aí deitada, atrai o que?”
Uma vez a semente plantada, me lembrei de milhares de coisas que não teriam se quer passado pela minha mente sem esse input quase que divino que me fez estar aqui, escrevendo para vocês.
Obrigada amigo! <3
Mas então, atrai o que e por quê?
Em 3 tópicos, vou tentar explicar o porque do movimento de fato atrair mais movimento.
1- Trabalhei um tempo com lojas de moda quando era estagiaria e entre uma pesquisa e outra sabe o que eu descobri!? Se o consumidor passa pela porta da loja e ela está muito calma, logo ele presume que não tem nada de interessante para ser visto (se tivesse, estava movimentada), e se vê alguma coisa que gosta na vitrine, sempre pensa que pode voltar depois (afinal, não tem ninguém alí). Por isso lojas como a Farm, pedem sempre para que as vendedoras fiquem em pé e fazendo coisas (fazendo fluxo), caminhando de um lado para o outro, simplesmente para passar a mágica impressão de que tem algo acontecendo alí.
2- Ainda pensando em varejo, é costume mudar de tempos em tempos todas as coisas de lugar, porque assim o consumidor sente a falsa impressão de que chegaram muitas coisas novas, e em caso de supermercados, força o consumidor a caminhar procurando o que ele quer e nessa caminhada, ele acaba comprando muito mais do que ele foi destinado a comprar.
3- Veja bem...logo depois da fala linda do meu amigo, vi a palestra do TED que deu origem a essa cena aqui:
A ideia geral é que a sua mente é capaz de ser sugestionada pelo seu corpo. Sendo assim, quando você está em uma posição que denota fraqueza e inércia, você acaba se sentindo ainda mais assim. Por outro lado, quando você se põe em uma posição de poder e realmente se empenha nela, você indiretamente acaba acreditando e se sentindo mais poderoso para enfrentar situações difíceis.
Tudo faz sentido não faz!?
Afinal, para afastar os predadores os bichos se fazem maiores e mais assustadores do que realmente são. Se colocar em posição de derrota não ajuda ninguém de verdade e nem de mentira.
Mas tudo isso me traz a um ponto bem delicado. Não me entendam mal, eu praticamente inventei a maratona de séries! Mas a gente passou a vida inteira falando mal da televisão, dizendo que ela lhe aliena e que deveríamos desligar a tv e ler um livro, para no final acabar correndo para o computador e ligando a Netflix?
Tudo bem que escolher a qual conteúdo você quer ser exposto é divino, mas continua sendo uma ação passiva, onde a gente recebe milhares de informações maravilhosas e desenvolve o assunto que vai ser o tema da conversa na próxima vez que encontrarmos com os amigos, mas sério que a gente está voltando ao ciclo original e achando tudo isso muito cool? Sério que a gente outro dia estava julgando a vovó que não saía da frente da televisão?
Sabe o que eu digo?
Vem comigo dar um tempinho no Netflix e vamos ler um livro? Desenvolver um projeto, ir conhecer gente mais inteligente que a gente, escrever um blog talvez...mas fazer alguma coisa que lhe movimente e faça a sua cabeça se mexer muito além de dois olhos piscando! É difícil, eu sei...mas pior é nem tentar!
Afinal de contas, se movimento atrai movimento e digamos que a vida está uma merda, vantagem mesmo é dançar kuduro para ver se a revolução começa né?